Funcionou, meu pé é normal. Mas eu odiei e até hoje odeio balé. Tenho péssimas lembranças daquelas aulas, todas associadas às sensações de inadequação e inutilidade. Tudo isso porque eu não tinha coordenação para realizar a merda da pirueta, porque meu coque nunca ficava bonito, porque o cetim da minha sapatilha nunca ficava laçado certo, porque eu conseguia confundir esquerda com direita e ao invés de girar para dentro, girava para fora. Eu sofria [ainda sofro] de dislexia motora, se é que isso existe.
Não bastando isso, eu não tinha aquela postura bonita como as outras meninas, a professora gritava "barriga e bunda pra dentro, peito pra fora e pés abertos" quando ela estava chegando nos pés eu ainda estava tentando prender a respiração. Inadequação, minha gente, total. Eu nunca consegui fazer nada bem feito no balé. Nunca.
Lembram do 'Mano', o pinguim do Happy Feet? Que nasceu em um mundo onde todos cantavam e apenas ele dançava? É mais ou menos isso, só que eu não cantava e nem dançava [ainda bem que minha vida sexual não dependeu disso]. Trauma superado [mentira], hoje percebo que não sou adequada para muita coisa mesmo e, pelo visto, nasci assim, é o meu jeitinho especial, né? [aham]
Bom, todo o esforço da minha mãe e todo meu trauma, foram apenas para eu ter pés normais que não me deixassem cair e funcionou. Eu quase não caio mais, não por culpa dos meus pés.
Devia de ter aula de balé para coração torto também.
21 de outubro de 2010
Pliê?
Eu fiz balé acho que por seis anos. Muitas pessoas já conhecem a história: eu tinha pé chato, minha mãe não queria que eu usasse bota ortopédica porque era feio e possivelmente eu seria tachada de Maria João na escola [eu fui de todo jeito, no ginásio] e me colocou em aulas de balé, porque o ortopedista disse que a longo prazo eu teria o pé curvadinho, normal e não cairia tanto.
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Um comentário:
Só uma coisa....essa frase final é linda de doer o ventrículo esquerdo....
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