29 de fevereiro de 2008

Foram elas

Queria escrever algo brilhante, que mude o mundo, mas palavras são só elas e no fim perdem o efeito sozinhas. Tentam ser humanas e ficam individuais. Achando que mudar vale muito por si só e esquece que sozinha, “mudar” é como o “nada”, que pensa que é alguma coisa na boca dos poetas que divagam sobre ele.

“Tudo” é a mais pretensiosa porque acredita que com suas quatro letras pode mais que qualquer uma. Ela não pode, porque a “regra” fica azucrinando e podando “tudo”.
Com tanta vaidade a “regra” acaba sendo subjugada pela “exceção”, que vive pulando por aí, achando que é especial só porque consegue fugir da “regra”, mas ela é só mais uma.

Tem a “morte” que é pomposa só porque tem o destino de todos e a “vida” que pensa ter o poder da criação, que a “ciência” faz questão de discordar.

A “fé” e “deus” são melhores amigos, eles acham que não precisam provar nada para ser, ambos tem o mesmo senso de humor, deve ser por isso a amizade duradoura.

Palavras que morrem na tinta que acaba, na borracha que apaga, na ponta quebrada do lápis e na falta de idéias de quem escreve. Elas que não são por si até alguém escrever, falar ou cantar.

Nada mais que um bando de excêntricas que insistem em ter vida própria. Elas, as palavras, que fizeram isso.


Culpadas.

22 de fevereiro de 2008

Chegando

É o vento gostoso de uma sexta feira que dá ânimo de continuar, mesmo sabendo que possivelmente nada de novo vai acontecer e tem o sábado avisando que vai trazer quem eu amo.

Cortar o cabelo e voltar com a janela do carro aberta para ver se o corte funcionou, porque tudo o que é novo deve ser posto à prova.

Os pés descalços no piso para refrescar a cabeça que tem idéias absurdas que pipocam de madrugada e afastam meu sono.

A chegada das dezenove horas apontando que devo sair daqui e partilhar qualquer sorriso com quem eu gosto ou qualquer besteira que queira falar.

Eu tenho o 214, o 237 e o 212 só preciso descobrir onde minha sorte está e avisar uma doida que vai para Lua um dia comigo.

Pronto dezoito e cinqüenta e pés no chão, dezenove chamando, tenho que ir.

20 de fevereiro de 2008

Mais uma vez

Talvez eu espere demais. Deve ser isso, mas de qualquer forma é sempre perturbador notar que minha realidade em nada altera a sua.

A minha boa notícia normalmente se perde no meio das suas preocupações e termino como uma criança meio envergonhada em achar que dessa vez seria diferente.

Não. Nunca é. Um misto de vergonha pela empolgação desnecessária gasta com você e tristeza, muita dela, por não poder partilhar o que importa.

Porque hoje quando te contei só queria sua atenção. Eu não pedi seu dinheiro, não pedi um favor e nem nada do gênero.

Só quis que me olhasse e torcesse por mim, mas como disse eu espero muito, porque quero algo que quase nunca fez e quando fez foi porque alguém mais importante pediu que fizesse.

Pois bem, fica a minha tristeza registrada em um texto que nunca será lido por quem deveria e também porque isso é o máximo que eu vou deixar a sua indiferença me machucar.

12 de fevereiro de 2008

E no fim...

Acredite que confio em tudo e tenho um bom coração, mesmo eu dizendo o contrário a todo instante.

Acredite na minha bondade, ainda que no fundo você saiba que não sou tão boazinha assim. Que talvez eu não salvasse uma vida pelo prazer de ver alguém que eu ache justo sofrer a morte.

Acredite quando afirmo que quero mudar, mas não junto com a nova tendência e sim do meu jeito.

Acredite que esse negócio de fazer o bem vai mudar o mundo sem possibilidade de retorno.

Acredite na marginalidade. Na margem com os mal humorados, com os equivocados e na margem dos seus pensamentos. Sempre foi o meu lugar, porque no fim, eu não consigo habitar o mundo nessa versão rosa que vem sendo disseminada por ai.

3 de fevereiro de 2008

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Eu recortei o momento e joguei no lixo. Você reciclou tudo em sentimentos baratos.