28 de agosto de 2015

Que fragilidade

Esses dias escutei de alguém que me conhece bem que tô muito fragilizada, que isso é perceptível. Fiquei meio surpresa, não achei que fosse.

Me disse também que não acha isso bom, porque assim me machuco demais, já que tudo me afeta em outra proporção.

Sim, eu tô mesmo fragilizada com algumas coisas, entre elas a coisa da autoimagem, mas eu não consigo falar disso muitas vezes. O motivo? Parece algo idiota demais e quase sempre que falo sobre, sinto que há uma tentativa de diminuir o que eu sinto, justamente como se fosse besteira da minha parte, como se fosse coisa pequena.

Eu engordei 5kgs e desde então sigo brigando comigo. Se por um lado tento acreditar que posso sim ser bonita com 5kgs a mais, que posso sim me amar como estou, do outro lado, tem uma voz que diz que estou relaxada, que com certeza estou assim porque estou namorando e que já não me cuido mais ou não ligo para minha aparência. Que é muito feia a minha postura, que eu deveria emagrecer o que engordei e que tô feia.

É conflitante e eu, que tento tanto acreditar na idéia da pluralidade e que a beleza também está fora dos padrões, não consigo seguir forte, me sinto fraca, me sinto fraude.

A gente lê sobre empoderamento feminino, sobre como devemos nos ajudar, mas eu não tenho conseguido. Quando alguém me diz que sou bonita, muitas vezes penso que a pessoa está mentindo, que está justamente falando para tentar me deixar feliz.

E quando eu consigo ter coragem em dizer o que sinto, tenho a clara impressão de que a solução que me dariam é simples: emagrece, Camila.

E não, não é simples, é muito mais do que emagrecer, não quero me sentir mal toda vez que o ponteiro sobe na balança, não é possível que eu condicione meu bem estar a um número, não é...

Mas eu não tô conseguindo dar conta disso, minha cabeça não para já tem semanas, eu não durmo bem e tenho pesadelos.

Junto a isso tudo, eu tô com pedras na vesícula, minha cirurgia será semana que vem, mas eu venho passando mal e a fragilidade parece que só aumentou.

Eu escrevo aqui, neste blog, porque ele é mais pessoal, é mais fechado e porque é difícil falar sobre isso para todo mundo, não quero me explicar para quem não me entende, mas hoje, especialmente, precisava "falar" mesmo que escrevendo e também na esperança de que me lendo, eu consiga mudar as coisas mais rápido. Quando a gente se lê é meio como se enxergasse estando de fora. Eu acho.