23 de dezembro de 2010

retrospectiva

A verdade é que eu não fui agraciada com o dom da maturidade e descobri que com 29 anos ainda sou facilmente seduzida por promessas tontas, consigo ignorar totalmente a logística das coisas, faço análise sintática de pseudorelacionamentos, tenho DR´s diárias com minhas neuroses, choro copiosamente no quarto por situações que não aconteceram e quando beiro o desespero me tranco no banheiro para ninguém me ver. [#soylouca?]

Sofro, mas sofro muito por antecipação e me julgo a todo instante, me odeio toda vez que sou carente em demasia, odeio não gostar de estar sozinha no momento, odeio não ser autosuficiente, odeio querer alguém para pegar na minha mão, me abraçar e falar "vai dar tudo certo, porque eu te amo" eu odeio querer isso. Meio Maria do Bairro isso, mas é verdade.

Alguém disse, escreveu, cantou [sei lá] que amor é fortaleza. É mentira. Amor é o que te faz correr a vida toda buscando e não alcançando, é uma maratona desenfreada que deixa um monte de medalha de bronze por aí. Não quero esse amor, não quero essa medalha de consolação para quem não suporta ficar sozinho, para quem prefere o terceiro lugar porque a simples ideia de não subir no pódio para a foto deprime.

Eu nem sei se quero um amor de verdade agora, eu quero coisas pontuais, quero alguém que me faça carinho, que me abrace, que me veja como mulher, que converse comigo como igual, alguém que me faça rir e que me excite, não apenas sexualmente, mas que me excite a ponto de me fazer esperar ansiosa por um próximo encontro.[#utopia?]

Eu não tô mal, não é essa a idéia que quero passar, eu só tô extraordinariamente mais resmungona do que o comum e também não tô escrevendo isso para ter a afirmação contrária das pessoas, falando que eu não sou louca e que vou ter alguém pegando na minha mão, não é para isso que escrevo.

Só escrevo porque acho que posso explodir [metáforas, you know?] e também porque é uma forma de sair da problemática para tentar observar de outro jeito e agora, vendo de outro ângulo, percebo que tenho me fodido demais da conta, mas sabe o que é pior? Por culpa minha. Taí, isso sim é algo dramático de afirmar. Aqui é a hora que já aceito o abraço.

Prazer, Milla Pupo, me fodo bem, para me foder sempre. #meulema

20 de dezembro de 2010

aquela adversativa

Não é muito fácil lidar com a ideia de que você é chata. Assim, com todas as letras: CHATA. Eu sou uma pessoa resmungona, eu reclamo praticamente de tudo. Claro que tenho meus argumentos, isso é óbvio, mas no final, em dias como hoje, que eu tô besta e carente, eu fico me achando toda errada. Eu nunca tive a pretensão de ser certa, mas também não acho legal ser um erro.

Eu brinco que sou dramática, mas eu sou mesmo. Eu supervalorizo coisas e pessoas que nunca deveriam ser valorizadas. Eu sofro por antecipação e já dediquei um choro imbecil por quem nem deve lembrar-se de mim durante um dia. Eu faço tudo isso e de quebra ainda me faço parecer maluca, porque eu discuto coisas que não existem, porque eu quero sempre entender coisas que nem sempre tem sentido ou tem, mas eu não gosto da explicação dada e, arrogante que sou, não gosto de lidar com opiniões contrárias também.

Viu, só? Sou assim, chata, resmungona nata, a tal pessoa difícil de lidar. E esse meu texto é todo um processo de auto-sabotagem para que qualquer pessoa legal fique longe de mim. Porque não basta eu falar que sou chata pra caramba, eu ainda publico, eu aviso as pessoas, mas mesmo assim tem quem se aproxime e para que? Para me chamar de chata no final? Olha, eu avisei, viu? Nunca fiz propaganda enganosa, mas até aí... foda-se. A pessoa vem, entra onde não deve, se faz presente, eu fico achando legal e depois me chama de chata e vai embora. Ou pior, fala que eu sou chata, mas gosta de mim.

Esse texto todo é só para falar que eu quero alguém que goste de mim sem uma adversativa, tá? Um "Apesar de você ser chata, gosto de você" não me faz exatamente feliz, então se você não consegue falar simplesmente "Gosto de você" me deixa quieta.