16 de agosto de 2011

Na parte de dentro

Lá estava escrito "Forever, I love you forever" e eu não sei se isso é possível, quer dizer, há amores que são incondicionais, eu sei, esses são para sempre, são os de pais, filhos, avós, família e amigos. Mas e aquele amor que te deixou com o coração batendo mais rápido com 15 anos e agora não causa mais efeito algum? E aquele amor dos 17 que te fez gaguejar? E o amor dos 21 que te fez descobrir coisas novas? O que aconteceram com eles? Perderam posto de amor só porque acabaram?

De onde vem esse conceito que amor, só é amor se dura pra sempre? Eu amei sim, mas acabou, então não era amor? Era cilada? Bom, alguns casos eram sim, ciladas, cegueiras, carência demais, mas em outros casos insisto que foi amor. Não é mais, mas foi.

A questão suscitada acima só aconteceu porque ganhei um bloquinho de papel da minha mãe, dentro dele, em cada folhinha está escrito "Forever, I love you forever" ao menos vou poder deixar diversos bilhetinhos para ela, só para ela.
















Forever



9 de agosto de 2011

ter...ça

Vou para o ponto de ônibus às 17h25 e fico lá esperando o Jardim Miram, antes com baratas, agora com degraus novos que são capazes de matar qualquer velhinho que se aventure por ali. Quase sempre vou em pé e pensando no que vou falar, no que posso contar, o que me irritou mais na última semana. Quando chega na Avenida Humberto I eu já fico mais atenta, porque ainda hoje, depois de 5 meses, eu confundo o ponto.

Eu dou o sinal, o motorista sempre para em frente à uma lixeira imensa e eu sempre quase entro no lixo para sair do ônibus. Vou descendo e entro na rua que ainda não sei o nome, nunca lembro. Eu sempre desço pelo lado esquerdo, o lado direito é muito torto. Vou andando, Ipod ligado, sempre meio pronta para tropeçar, quase sempre tropeço por ali, mas isso porque aquela rua tem alguma coisa que mexe comigo, literalmente, por isso tropeço.

Lá tem ruelas sem saídas que são vilas, pequenas vilas no meio de São Paulo, com flores nas janelas, com portas bonitas e hoje tinha até uma bola na rua. Eu fico pensando como eu gostaria de morar naquele bairro, naquelas ruazinhas, as pessoas levam os cachorros para passear na terça como se fosse domingo. Tem um mercadinho antigo, com prateleiras de madeira, a dona é uma senhora que toda terça está varrendo a calçada, ela tem cabelos brancos e sempre usa um avental azul claro, toda terça ela sorri pra mim com a vassoura na mão e eu sorrio de volta. Sempre tenho vontade de entrar lá e comprar alguma coisa, só para ver ela registrando algo naqueles botões velhos do caixa. Ainda vou.

Depois olho os apartamentos, todos lindos, mas com um jeito intimista e penso que também moraria naqueles apartamentos e que seria feliz ali, mas logo em seguida eu passo por uma lavanderia e recobro os pensamentos "Tsc, esse é um bairro de gente abastada, não é seu tipo, gente que manda roupa para lavanderia, você nunca poderia morar aqui, pare de sonhar, você não lava roupa em lavanderia".

Eu paro de sonhar, volto para a realidade porque a casa de portão fechado sempre tem cheiro de Pinho Sol às 17h45 de terça, nesse momento estou chegando, daí eu atravesso e vou para o lado direito, porque a partir dali fica tudo torto, ruim de andar. Toda terça é assim.

Hoje, meu último pensamento foi que toda terça eu me sinto meio imatura demais, como uma criança que sabe que fez a lição de casa errada, mas ainda assim mostra tudo para a professora, mesmo sabendo que não vai levar um A.

Essa sou eu nas terças, eu acordo pensando duas vezes, penso em não ir, reluto, me culpo, mas sempre levo a lição de casa errada para mostrar. Eu nunca saio certa de que fiz a melhor coisa, eu sempre saio de lá com um monte de livros debaixo do braço, umas anotações e com pensamentos tão barulhentos que me fazem até esquecer de ligar o Ipod. Eu saio assim, sem saber direito como eu era na semana passada e pensando o que fazer com tudo aquilo para ser eu na próxima semana.


*texto feito corrido e postado sem revisão.