29 de março de 2012

No hay banda

Eu estou enjoada da minha pessoa, eu me sinto um disco riscado e por mais que tente não reclamar, eu reclamo. Eu reclamo sempre e eu sou assim, isso eu já dei como jogo finalizado, nem tento mais reverter o placar. Mas o negócio é que eu ando com vontade de não ser mais eu de modo geral, porque não tenho me achado interessante, me vejo como uma pessoa sem muito a oferecer, uma pessoa chata, daquelas que você evita conversar porque é sempre enfadonho, cansativo e sem graça. Daí, nessa vontade de não ser mais eu, eu faço tudo errado. Eu me exponho para quem não devo no meio do desespero, eu fico carente e acho que uma pessoa que não sabe porra nenhuma da minha vida pode, por um milagre, me achar legal, sei lá, se interessar e conversar comigo [viu? carência] e crio expectativa e repito todos os passos anteriores sem perceber que comprovadamente deram errado e o resultado é só um: silencio, no hay banda.


25 de março de 2012

Deixa queimar

Quando me foi perguntado porque eu fiz isso, a resposta veio sem nem pensar:
"Porque eu quis.Tenho tanto feminismo em mim que não me atrevo a deixar de fazer o que quero por ser mulher, não consigo conceber nenhuma privação por esse motivo".

E o que pode ter de mal? De mal não sei bem, mas tem o preço que se paga, tem a reação, tem aquilo que deixo de ter, uma escolha é sempre excludente, eu sei. Então o que me resta é lidar com isso, que às vezes machuca, é claro, sobretudo quando de rabo de olho aparece um julgamentozinho, um "mas você esperava o que agindo assim?". Oras, nada de fantasioso, só a reciprocidade da sinceridade que eu ofereço, só isso.

Hoje eu li que é preciso não temer o fogo, pois a alma é um incêndio* , então se vai queimar de todo jeito, que seja do meu.

*Murilo Hildebrand de Abreu

20 de março de 2012

Racional

Desde que voltei de viagem meu relógio está marcando - - : - - e piscando. Não tive vontade, coragem e nem pretensão de arrumá-lo. Têm momentos em que o tempo realmente se torna relativo e já não importa mais, se são horas, dias, semanas, meses. Não faz diferença, sobretudo porque a canseira em esperar algo que nunca vem é mais forte, o tempo não tem valor real aí, ele é racional demais para algumas emoções.

Eu cansei de esperar um pouco de sinceridade dos outros ou talvez eu tenha me cansado de não ouvir o que queria. Porque depois de ouvir tanta merda e ser tratada como não gostaria, não tem muita importância continuar querendo algo, né? Tratar os outros como você gostaria de ser tratado é uma das maiores mentiras perpetradas, simplesmente porque não tem coerência, é baseado num mero ponto de vista, não tem como esperar reciprocidade em algo pessoal porque o ponto é variável.

Não é adulto esperar o que logicamente não virá, por isso, enquanto eu destilo toda minha imaturidade em querer o que aparentemente não vou ter, decidi ficar quieta. É uma decisão falsamente mais madura eu acho, mas pelo menos é unilateral, só eu mesma posso me decepcionar e com isso eu sei lidar melhor.