26 de junho de 2014

Bolo no final da tarde

Muito se fala do desapego, eu sempre leio sobre e normalmente penso no lance de consumir menos, de comprar e ter, essas coisas mais palpáveis. 

Eu tenho pensado muito no desapego de sentimentos. No quanto eu quero simplesmente deixar alguns de lado, largar mão deles, mas parece que é mais fácil largar minhas roupas, meus livros e meus sapatos do que abandonar alguns sentimentos.

É difícil jogar sentimentos fora, parece que na verdade você brinca de esconde-esconde com eles, sobretudo naquele momento que você pensa com calma e percebe que tudo o que você está sofrendo foi porque criou expectativa com base em si mesma, a partir daí é fácil notar que você não pode fazer nada.

Mas então, você toma aquele respiro de maturidade, lembra que expectativa é algo injusto demais, com você e com o alvo dela, daí você sorri, e decide deixar pra lá.

Parabéns, é aqui que você tem a impressão de que você deixou o sentimento ir embora, que você finalmente venceu uma batalha, que sua idade te fez minimamento mais sábia. Mas a verdade é que o sentimento só foi tomar um café, no máximo um lanchinho, e ele volta depois, volta sim, se bobear traz até bolo no meio da tarde.

Neste retorno, resta olhar nos olhos dele, sorrir ainda que um pouco triste, agradecer o pedaço de bolo e explicar que está de dieta.

Uma dieta que, embora não seja restritiva, têm regras claras quanto a sentimentos como ele e que, afinal, o problema não é ele, é você. Ele continua igual, como sempre foi, mas foi você quem mudou, ou pelo menos quer muito mudar, inclusive a ponto de negar um pedaço de bolo.




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