21 de julho de 2014

O caminho inverso

Sexta passada enquanto eu estava voltando pra casa, no ônibus e quase chorando, lembrei da frase do Hemingway, que ele diz "write hard and clean about what hurts" e decidi que chegando em casa eu escreveria tudo, sem filtro, escreveria claramente, com uma sinceridade que talvez não tivesse coragem de ter nem comigo. Mas aí eu fiquei bêbada e achei melhor não escrever. Então hoje, bem sóbria eu vou escrever sobre o que me machuca.

Talvez todo meu mecanismo de estar mal não passe de uma forma torta de chamar a atenção de algumas pessoas e me machuca perceber que cheguei nesse ponto, como se eu tivesse dado um passo para trás. O mecanismo não é diferente do anterior, mas da mesma forma eu preocupo algumas pessoas e talvez assim, de um jeito equivocado, eu acredito que estão olhando para mim, que estou tendo atenção. A Sandra sempre me disse que ninguém fica muito tempo em uma situação se ela não traz benefícios, acho que afinal eu tinha alguns, mas não é preciso ser muito esperta para sacar que olhares de preocupação extrema não medem a importância que temos para os outros.

Eu estou lendo Sidarta, do Hermann Hesse, e no livro, ele passa por um monte de coisas supostamente erradas, ele comete falhas absurdas e chega num nível extremo de fazer coisas que ele sempre considerou ruim. Às vezes parece que a gente precisa pegar exatamente o caminho inverso que sempre acreditou, só para ter conhecimento pleno do que não se deve mais fazer, ou pela certeza de que o caminho antes escolhido é mesmo o melhor para si ou ainda que um novo caminho virá.

Eu fiquei dez dias sem pintar minhas unhas, hoje eu passei um esmalte chamado "passeio". Acho que é um pouco do que deve ser a vida, né? 


Minha mão e minha calça de vovó super quentinha :)


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