24 de fevereiro de 2014

No conforto do próprio corpo

Esses dias, vi uma foto minha de quando tinha uns 18 anos, eu era magra como na minha concepção eu nunca fui. Quando vi a foto, lembrei também de como eu me achava gorda na época e como ser gorda na época também me assustava e era sinônimo de ser feia.

Mas fato é que eu era magra e não me via assim. Na época eu tive um dos meus primeiros namorados e não conseguia entender como ele poderia gostar de mim, me querer, porque afinal, eu era gorda.

Percebi que passei grande parte da minha adolescência e juventude me sentindo assim, feia e gorda, até que de fato eu engordei. Quando terminei meu namoro, esse mesmo aí que eu não entendia como ele podia gostar de mim, soube que ele ficou com outra garota, uma moça loira, magra e dos olhos azuis. Preciso dizer o óbvio? Que me afundei em "sou horrorosa, lógico que ele terminou comigo, sou gorda, sou feia, sou chata" eu era tudo de ruim o que a moça lá não era. Imaturidade com insegurança resultam nessas coisas.

Passei por todo um processo de aceitação e quando falei "tô feliz sendo gorda" descobri que minha saúde estava meio capenga, o exame de sangue apontou que o triglicérides estava muito alto e a médica foi taxativa "você precisa emagrecer, se alimentar melhor". Okay, eu fui na nutricionista e emagreci até hoje quase 15 quilos, sim, digo "até hoje' porque eu continuo fazendo acompanhamento nutricional.

A coisa toda é para dizer que hoje eu finalmente me sinto bem estando no meu corpo, talvez vão falar "viu como emagrecer é bom? Agora você tá mais magra e feliz!" sabe, talvez seja, talvez não, não quero ser demagoga. Eu acredito de verdade que cada um sabe o que é melhor pra si ou pelo menos deveria saber. Eu me sinto bem hoje, com 32 anos finalmente eu me olho, me reconheço e me aceito no corpo que eu tenho. Com estrias, com pneus, com celulite e com meus braços de merendeira, porque eu sou mais que um corpo e não quero me limitar a isso.

Claro que têm dias que não quero nem me olhar no espelho, eu mudei, não fiquei perfeita, né? Mas na maioria do tempo eu me gosto e essa é uma sensação nova, acho quase triste descobrir isso só agora, mas melhor agora do que nunca.



4 comentários:

Renata disse...

Milla, um abraço enorme em você. não consigo nem dizer o quanto eu gosto do seu blog, mas é muito. e de você também.

Amélie Bouvie disse...

Nossa, amei!

nice disse...

me too!
<3

. disse...

Fantástico mesmo isso, de ver mudanças e conseguir entender essa trajetória de se ver de um jeito e se ver de outro tempos depois. E o principal pra mim é: 32 anos não é tarde, não é "só agora", tem gente que nunca vai descobrir o que você descobriu e que é tão precioso. Cê é linda, mulé.

:*