2 de abril de 2013

Medo da chuva

Dei o sinal, desci no ponto, fones no ouvido escutando Y La Bamba, chovia. 

É difícil fugir da chuva, os artifícios disponíveis ainda não são suficientes para uma proteção efetiva. 

O guarda-chuva protege apenas o fundamental do corpo, às vezes nem isso, os braços ficam molhados, os pés, as pernas, as pontas dos cabelos, o óculos, se a chuva estiver de frente, enfim, pouca serventia, mas a sensação mínima de proteção nos atrai, ainda que o guarda-chuva entorte, vire para cima, quebre, rasgue, fure seu olho, ele tá lá, inerte na sua bolsa fingindo que vai ser útil.

As capas de chuva, além de notavelmente feias, também não são eficientes, você molha os pés, metade das pernas, o rosto, as mãos e um pouco dos cabelos, isso se ela for boa e não rasgar no meio do caminho, coisa que acontece com frequência, daí você fica molhada e feia.

É difícil fugir da chuva, talvez o único meio seguro é ficar em casa ou trancada em qualquer outro lugar.

Hoje, quando desci no ponto, fones no ouvindo escutando Y La Bamba, andei até uma esquina, parei debaixo de uma árvore, tirei os fones para escutar a chuva batendo no guarda-chuva. Barulhinho delicado, era só uma chuvinha, não corri, molhei os braços, as pontas dos cabelos, um pouco do ombro esquerdo. Depois secou, passou. 

E tô aqui até agora pensando, pra que tanto medo, né? Tudo seca, tudo passa, acho que logo mais tomo banho de chuva sem medo, talvez até cante um Raul no percurso.




2 comentários:

Jeferson Cardoso disse...

Oi, Milla! Eu amo a chuva e meu único medo é que, quando há uma ameaça de, não chova... [sorrio] Lindo extrair do dia a magia do texto. Parabéns! Com tempo, deixe sua impressão no meu http://jefhcardoso.blogspot.com Ficarei honrado.

Gharcia disse...

As pessoas tem medo da incompetência.
Algo na vida dá a impressão de q as pessoas molhadas são frágeis... vão se resfriar e ficar doentes...
As coisas no meu bolso não curtem muito água mas resistem bem... mas eu sei q sou valente e vou sobreviver a chuva então me importo.

Adorei a imagem da menina ruiva, parada na esquina do tempo, com o guarda chuva na mão esquerda e o fone de ouvido na mão direita. De olhos fechados ouvindo a chuva... a perna direita levemente flexionada... a ponto de dar o primeiro passo rumo a canção que a chuva cantou só pra ela...