8 de janeiro de 2013

Essencial





Não achava possível fazer amor. Se fosse verdade as pessoas não sofreriam pela ausência desse sentimento, simplesmente o fariam. Só mais uma mentira criada para pessoas inseguras lidarem com o sexo, porque soa melhor do que trepar como animais que, no fundo, é o que todo mundo faz.


Para os médicos ela era sexualmente ativa e para os puritanos, uma puta. Só não era uma Geni porque não dava para qualquer um. Sabia o que queria e quem era capaz de oferecer isso. Sexo era algo simples, comum a todos. Valia tudo por prazer. Entre quatro paredes ou não. Acompanhada ou sozinha.


Não gostava de sexo morno e mudo. Chegou a experimentar o estilo de transa contida de muitos casados, dos gemidos disfarçados de ser uma família na cama, mas o único efeito foi o tédio. Tinha que ser agressivo, falado e com força. Era isso o que determinava a intensidade do que viria.

Gostava de ser dominada e ficar de quatro, como todos os animais na busca do prazer primitivo. Se excitava em pensar que naquele momento era igual a uma cadela, uma vaca, uma gata ou qualquer outra fêmea que fosse. Era um reencontro com seus instintos. Um retorno à natureza. Gozar era fazer parte do mundo novamente.


Postado originalmente em 24/08/2008 aqui.

*Imagem: Vagina Jewel, de Lillit Keogh.


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