26 de julho de 2009

Post Meridium


Ela acordou e viu -- -- : -- -- era como se fossem os espaços da sua vida naquele momento. Ela não queria ajustar, não queria saber que horas eram, que dia era. Não importava.


Se perder no tempo, entre um fim de tarde e o fim da noite. Se iludir entre uma verdade e uma mentira. Era esse seu foco. Ser feliz com o que não tinha. Acabou se acostumando com menos do que merecia.

O dia passou devagar, ela sabia disso porque mesmo com a janela fechada, a claridade entrou. Foi invasiva, não quis saber e lutou para clarear aquilo que devia. Fez seu show sem graça e foi embora sem ganhar aplausos. A noite veio chegando, convidativa, sensual como os movimentos de um gato. A janela, agora aberta, abriu espaço para a escuridão entrar, e lá ela ficou, ronronando as chances de ser uma noite boa, tentando convencer o quanto pode ser bom passear por um novo telhado para esquecer o conforto daquele em que se acostumou.

Uma de suas melhores janelas se abriu. Cantarolou algumas coisas que a fez chorar, não de tristeza, mas de uma alegria e uma fé quase infantil, de que tudo pode mudar. A janela parecia ter um pacto com a noite, porque falou coisas parecidas, mas ainda lembrou que não era um bom negócio ficar ali, na areia, que era bom liberar espaço para quem precisava daquela coisa áspera.

A noite e aquela janela a convenceram. Deu um pulo, agarrou todas as forças que tinha, arrumou o cabelo, passou um batom, vestiu algo inédito e foi. No caminho a saudade do conforto foi ignorada com veemência. Na chegada, pela primeira vez, fila. Quis usar isso como motivo para voltar ao lugar onde o tempo não importava, mas não pode. Foi recriminada taxativamente e lá ficou. Ainda bem.

Lá dentro dançou, cantou, pulou, gargalhou, encontrou pessoas improváveis, jogou o cabelo, ergueu os braços e gritou com todas as forças "Hate you say I told you so" ...yeah, she told me.


Subiu, sentou em um sofá meio capenga, sabia que estava descabelada, mas não ligou. Conversou um pouco, levantou e dançou de novo, e mais um pouco. Finalmente cansou, suspirou e foi embora, aliviada.


A noite ronronou vitoriosa, a janela já estava quase fechando e a areia estava lá atrás, e do mar quase não se ouvia nem as ondas, uma lembrança... como aquela música que ela cantou.

Chegou em casa e a primeira coisa a fazer foi preencher os espaços: 06:40, agora sim.


Boa noite? Sim, ótima. Assim como a roupa que vestia, foi inédita.


Ela foi minha melhor janela, porque elas sempre estão acima das portas. Tks.



Um comentário:

Suellen Santana disse...

Você conseguiu me deixar sem palavras, essas que sempre parecem rodar confortavelmente nos meus dedos, sumiram...

Foi incrível te ver ontem sem o costumeiro preto, vestida de alegria para ajudar a noite ser ainda melhor... Eu te falei, mas vou deixar aqui pra "eternizar": 'amizade é feito um casamento, só que sem chance de divórcio, fodeu. na saúde e na doença, na alegria e na tristeza... amém'.

E por isso eu te falo sempre "não agradece", não precisa jamais agradecer a amizade que você conquistou sendo sincera, sendo amiga e sendo acima de tudo a Milla.

Sabe que me sinto mega sortuda de ter você por perto? E, eu sei, que isso vai muito além do contrato que temos com a faculdade. Agora é pra vida toda x)


Amo você, mesmo!
E brigada por ser tão essencial nesses últimos tempos...

x)

E eu não escrevi nem metade bonito que nem você. Faltam palavras... haha!

beijo =*