30 de junho de 2014

O tatu e o coração

Eu não me acho uma pessoa muito estável, às vezes, como por exemplo hoje, o dia corre bem, eu tô feliz, tá tudo bem, mas daí meio que do nada surge uma insegurança.

Uma daquelas que me faz sentir pequena, que faz querer chorar e eu penso em tantas coisas ruins, que sinto que meu quarto pode me engolir, sinto que me encolho, quase como um tatu bola, sinto que perco a força para controlar esses pensamentos ruins que surgem do nada.

Fico pensando quase que desesperada quando isso vai passar, quando eu vou ser mais madura, mais estável, mais segura, mais tranquila com a vida. E então, sem que eu fale nada ou demonstre qualquer insegurança dessa que acabei de falar, ele manda mensagem falando que me ama, assim, gratuitamente.

E assim, gratuitamente, eu choro, porque no fundo, quer dizer, na verdade nem tão no fundo there's a tender heart inside that ugly armadillo e eu sou uma chorona de marca maior.



26 de junho de 2014

Ps.

Não teve jeito, eu lutei o dia todo, mas acabei comendo o pedaço de bolo que aquele sentimento besta ofereceu.

Agora ele tá aqui no quarto comigo, falando um monte e ocupando metade da minha cama.

Eu só peço que ele durma logo, assim eu durmo também.

Bolo no final da tarde

Muito se fala do desapego, eu sempre leio sobre e normalmente penso no lance de consumir menos, de comprar e ter, essas coisas mais palpáveis. 

Eu tenho pensado muito no desapego de sentimentos. No quanto eu quero simplesmente deixar alguns de lado, largar mão deles, mas parece que é mais fácil largar minhas roupas, meus livros e meus sapatos do que abandonar alguns sentimentos.

É difícil jogar sentimentos fora, parece que na verdade você brinca de esconde-esconde com eles, sobretudo naquele momento que você pensa com calma e percebe que tudo o que você está sofrendo foi porque criou expectativa com base em si mesma, a partir daí é fácil notar que você não pode fazer nada.

Mas então, você toma aquele respiro de maturidade, lembra que expectativa é algo injusto demais, com você e com o alvo dela, daí você sorri, e decide deixar pra lá.

Parabéns, é aqui que você tem a impressão de que você deixou o sentimento ir embora, que você finalmente venceu uma batalha, que sua idade te fez minimamento mais sábia. Mas a verdade é que o sentimento só foi tomar um café, no máximo um lanchinho, e ele volta depois, volta sim, se bobear traz até bolo no meio da tarde.

Neste retorno, resta olhar nos olhos dele, sorrir ainda que um pouco triste, agradecer o pedaço de bolo e explicar que está de dieta.

Uma dieta que, embora não seja restritiva, têm regras claras quanto a sentimentos como ele e que, afinal, o problema não é ele, é você. Ele continua igual, como sempre foi, mas foi você quem mudou, ou pelo menos quer muito mudar, inclusive a ponto de negar um pedaço de bolo.




23 de junho de 2014

Fingi na hora de rir

Saí com minha mãe hoje, ela me perguntou se eu estava bem, como que já sabendo que eu não estava. Menti, como sempre faço, disse que sim, estava bem. Ela insistiu e eu disse que estava cansada. Ela falou que eu sou muito nervosa, que "não é bom ser assim, filha". Não, não é bom. 

Frequentemente eu escuto de pessoas que gostam de mim que não me entendem, porque eu me deixo afetar por coisas pequenas, ou porque do nada eu fico triste.

Sabe, eu também não entendo bem quando entro nessas fases, mas me sinto um ponto pior quando preciso ouvir isso, que não me entendem ou que "porque você é assim? é tão melhor ser alegre".

Eu sei disso, eu só não sei sempre fazer tudo certo, eu não sei fingir perfeição, é só isso.

21 de junho de 2014

Florescer

As flores não competem entre si, elas simplesmente florescem, foi o que li dias desses, é bonito, né?

Gostaria de ter essa coisa de flor, não que eu esteja competindo, mas essa calma de apenas ser, essa leveza.

Meus dias estão estranhos, minha semana foi complicada. Eu não sei o que tá rolando comigo, tenho ficado doente com frequência e isso tem me chateado demais, porque fico tentando entender o que eu fiz de errado, o que tô fazendo, porque meu corpo tá respondendo assim?

O que eu tô ignorando tão sumariamente que tá fazendo meu corpo gritar de todas as formas possíveis?

E cada dia que eu passo mal, parece que perdi algo, perdi exatamente a chance de estar bem e eu sinto que isso tudo é culpa minha, como se eu merecesse de alguma forma, como se eu fosse fraca demais para falar o que me incomoda e permitir que meu corpo adoeça.

E às vezes, em madrugadas assim, que eu sinto falta de falar com alguém que não me julgue, eu sinto falta da Sandra, sinto falta das terças-feiras, sinto falta de estar bem como estava antes.

Só florescer, sabe? Eu não sei o que tá acontecendo comigo, não sei mesmo. Mas ando com a sensação frequente de que tô fazendo algo muito errado.

16 de junho de 2014

As mentiras que compramos

A gente sempre sabe o que quer, sabe exatamente, eu sei pelo menos, mas e o medo, né? O que a gente faz com o medo que surge e te aterroriza um pouco toda vez que você pensa "eu quero isso e seria capaz de dar esse passo, mas queria alguém comigo, o quanto isso é feio, é ser fraca?"

Tenho cada vez mais acreditado que para muitas coisas eu nunca estarei pronta, que talvez a única forma de fazer algo é me colocando na situação de risco. Porque pensando aqui comigo, eu sempre dei conta do que me propus a fazer, sempre consegui, mas dá medo de ser a primeira vez a dar errado, ninguém gosta de errar.

Eu acordei feliz hoje, aliás como tenho estado por esses dias, mesmo com algumas arestas, mas feliz. Daí eu fiquei ociosa e resolvi ver os valores para alugar apartamento em São Paulo, a felicidade foi quase embora, ela ficou tímida, com vergonha de estar por aqui.

O que mais me cansa nisso tudo, nesse meu querer de mudança, é que eu sei que não terei ajuda de ninguém. É algo que compete unicamente a mim, eu tô literalmente sozinha nessa, isso dá medo e uma quase vontade de chorar no meio da tarde, porque eu sinto que tô ficando cada dia menor por não conseguir dar esse passo. É como se o tempo passasse e eu me encolhesse, com vergonha de estar com 32 anos e não conseguir dar esse passo.

Com medo e com vergonha de não ser autossuficiente, ainda sabendo que a autossuficiência é uma balela, uma balela que eu queria ter na minha vida.

*a nova grafia de autossuficiência é muito feia.

10 de junho de 2014

Você precisa saber


Você precisa saber que eu sou meio insegura, sei que isso não é muito atraente, mas às vezes eu odeio minha roupa, meu cabelo, meu corpo e eu toda.

Você precisa saber que muitas vezes, quando estou quase dormindo, eu dou uma roncadinha, daí me assusto com o barulho e acordo.

Você precisa saber que quando eu estou muito irritada, meu nariz coça.

Você precisa saber que eu gosto de planos, mas eu não ligo de ser surpreendida.

Você precisa saber que eu posso ser ciumenta, sei que isso também não é atraente, mas eu me esforço para não ser muito.

Você precisa saber que eu gosto de escutar música enquanto tomo banho e meus banhos são longos.

Você precisa saber que meus pés são gelados no frio e que eu vou esfregá-los em você até esquentar.

Você precisa saber que meu cabelo é sempre sem graça, ele no máximo fica estranho com um pouco de frizz, mas penteado não para nele e nem nada que eu tente fazer de bonito.

Você precisa saber também que eu não gosto de prender meu cabelo, porque acho que tenho cara de bolacha e me sinto uma Trakina gigante quando prendo.

Você precisa saber que quando não pinto minhas unhas é porque estou mal e quase pedindo ajuda.

Você precisa saber que eu não sou boa em pedir ajuda, mas eu vou aceitar se você oferecer.

Você precisa saber que eu ataco quando me sinto acuada, mas é puro medo.

Você precisa saber que eu quis muito te encontrar e já faz tempo.

Você precisa saber que eu sou medrosa, mas com você eu tenho coragem, tanta coragem que escrevo uma declaração de amor meio torta e ainda publico aqui.

Você precisa saber que me sinto feliz.


5 de junho de 2014

I think I'm dumb

Sabe quando você toma um susto? Um daqueles que faz você perceber que no fundo, quer dizer, nem tão no fundo, muito do que você é pode se resumir como uma romântica, babaca, inocente? 

Então, parece que tenho 32 anos e com foco na vida de uma moçoila de 15.  
Eu canso de ver essa coisa do "comer os olhos e lamber com a testa", sabe? A coisa do "opa, namoro mas olho pra todo mundo, ué, qual o problema? Eu quero comer tudo mundo, mas não como, é diferente". 

Como pode ser diferente? Como alguém consegue achar normal o desejo frequente por outras pessoas, além do que sente pela pessoa que está com ela? E no fim, no meio de todo mundo, eu acho que tô errada, porque geral é assim, né? Deve ser imaturidade minha isso tudo.

Sou babaca por pensar assim, né? Ok.

Quando eu fiquei solteira percebi que muito da minha dificuldade em me relacionar com outros caras estava no fato de que eu mal olhava para eles, porque eu ainda carregava em mim esse sentimento de quando era "comprometida" e não olhava, nem dava brecha pra ninguém, daí passei por um processo de mudança em olhar mais para os homens, digo OLHAR mesmo, sabe? Mas na verdade acho que nunca fiquei muito boa nessa técnica aí, eu sou bem cuzona na arte de paquerar. Me perco, não sei o que falar e falo demais, sou sincera demais e estrago tudo.

Hoje tá rolando greve do metrô aqui em São Paulo, eu demorei 4 horas para chegar no trabalho e a estimativa da volta não tá diferente, contudo eu acordei de bom humor, o dia está até que bonito, mesmo estando frio, eu consegui ficar sorrindo e de boa, mas agora já tô achando meu dia uma merda, sei lá.

Uma musiquinha do Nirvana para fechar, porque é equivalente ao que tô sentindo, meio idiota e meio juvenil.