27 de janeiro de 2013

Sobre cantar

Eu gosto de cantar e colocar a mão em torno da minha garganta, gosto de sentir a minha voz, gosto de saber que sou capaz de vibrar sozinha.

Isso é meu, ninguém me tira.


Essa aqui é uma das minhas favoritas para cantar, vibra mais para imitar o sotaque :)









22 de janeiro de 2013

A conta, por favor!

Não sei como começou e quando, mas assim, se você me convidar para sair, eu vou me oferecer para dividir os gastos, não importa o que seja, pode ser restaurante, boteco, motel, cinema, sinuca, enfim, qualquer coisa, é uma reação automática, eu acho o certo.

Daí que ontem me perguntaram se isso era algo meu ou se eu fiquei assim porque não sou acostumada a aceitar/receber certos tipos de gentilezas. Por exemplo, eu nunca consegui sair com um homem e ficar parada vendo a conta chegar sem fazer nada, claro que não paguei muitas vezes por insistência, mas eu não ligo em absoluto em dividir. Eu não sei ser assim, primeiro porque não acho justo com a pessoa, segundo porque percebi que, de alguma forma, eu vejo isso como uma afronta, eu vejo algo como "eu pago, porque você não é capaz" e muitas vezes não é nada disso, é apenas cordialidade, né?  :(

É um pouco triste perceber que não sei lidar com gentilezas, que muito pra mim ainda se resume na autoafirmação do que sou capaz. Uma merda tudo isso, uma grande merda.

15 de janeiro de 2013

A terça-feira e o coração


Hoje aconteceu algo bem bacana, algo que eu estava esperando e que venho pensando/planejando já tem tempo. Daí que tá dando certo e quando eu soube, meu primeiro pensamento foi querer contar para a pessoa mais errada de todo o mundo. Para aquela que eu não deveria, para aquela que causou uma série de problemas nos últimos dois anos, para aquela que me machucou, tudo isso porque eu deixei, não existe isenção de culpa depois de 30 anos na cara, mas enfim, a pessoa errada.

A diferença é que não estou triste dessa vez, tanta coisa já passou que eu consigo reconhecer a previsibilidade de todo o ato. Já é quase mecânico, já não é tão legal, e mesmo assim eu quis contar e porquê? Penso se me mantenho nisso por costume, pela falsa sensação de importância que às vezes, e ultimamente é bem às vezes, que eu sinto com essa situação. Uma migalhinha que eu tô comendo, talvez por não ter nada melhor, talvez por estar entediada, talvez porque o gostar platônico, aquele que nunca vai acontecer, também nunca vai acabar. Tem um tipo de segurança torta nessa relação, um tipo de previsibilidade, quase uma Telesena que, de meia em meia hora, mostra os resultados, é uma falsa estabilidade desenhada pelo o que já é conhecido.

Mas tudo okay, eu tô bem feliz mesmo assim, com meus planos e com minhas epifanias das terças-feiras.


Para celebrar, para ser clichê, para aproveitar que ainda é terça.


Só acredito no avião
Eu acredito no relógio
Acredito no coração

9 de janeiro de 2013

Gostam porquê?

- Têm pessoas que gostam de mim e eu não entendo o motivo, acho estranho.
- Você acha estranho gostarem de você?
- Ah, não é isso... eu só não entendo porque gostam.
- Mas você acha que esse entendimento cabe a você?
- Ué, me diz respeito, sou eu.
- Mas os sentimentos não são seus, são dessas pessoas.
- ...
- ...
- Mas eu não entendo porque gostam de mim.
- Não entende ou acha que não merece? Ou quer entender para talvez ter mais controle?
- ...
- ...
- Não sei, é difícil.
- É?
- ...
- ...
- ... acho que todas alternativas anteriores.



8 de janeiro de 2013

Essencial





Não achava possível fazer amor. Se fosse verdade as pessoas não sofreriam pela ausência desse sentimento, simplesmente o fariam. Só mais uma mentira criada para pessoas inseguras lidarem com o sexo, porque soa melhor do que trepar como animais que, no fundo, é o que todo mundo faz.


Para os médicos ela era sexualmente ativa e para os puritanos, uma puta. Só não era uma Geni porque não dava para qualquer um. Sabia o que queria e quem era capaz de oferecer isso. Sexo era algo simples, comum a todos. Valia tudo por prazer. Entre quatro paredes ou não. Acompanhada ou sozinha.


Não gostava de sexo morno e mudo. Chegou a experimentar o estilo de transa contida de muitos casados, dos gemidos disfarçados de ser uma família na cama, mas o único efeito foi o tédio. Tinha que ser agressivo, falado e com força. Era isso o que determinava a intensidade do que viria.

Gostava de ser dominada e ficar de quatro, como todos os animais na busca do prazer primitivo. Se excitava em pensar que naquele momento era igual a uma cadela, uma vaca, uma gata ou qualquer outra fêmea que fosse. Era um reencontro com seus instintos. Um retorno à natureza. Gozar era fazer parte do mundo novamente.


Postado originalmente em 24/08/2008 aqui.

*Imagem: Vagina Jewel, de Lillit Keogh.