19 de junho de 2012

Bujão

Ela sempre me conta que o filho, tem uns 2 anos, passou pela Marginal e o viu por ali antes de ir trabalhar. Na volta, passou novamente e ele ainda estava lá, perambulando. Ele não teve dúvida, levou embora para casa, era para ser dela no fim das contas. Ela conta rindo que foi o presente de grego que ganhou, coisas que só os filhos costumam fazer.

O Bujão ronrona e empurra a cabeça na sua mão pedindo carinho, mas ele morde quando você tenta afagar de forma desavisada sua barriga, ele não gosta, morde e me mordeu. Ele é rajado, tem os olhos verdes, o nariz rosado e orelhas pequenas. Embora seja bem gordo, não é do tipo bonachão, ele tem um ar quase arrogante, de dono da venda. Tanto que anda pelo balcão, como se fosse o proprietário. Ele me olha sabendo que exerce um poder de atração sem tamanho. Eu devo ser a única compradora de Halls preto do mercadinho, quase toda semana eu entro lá, quase toda semana ele faz pouco quando eu chamo, mas acaba deixando que eu tenha o prazer da sua companhia por alguns momentos.

Hoje ele estava particularmente carente, estava dormindo na balança de carne já bem empoeirada. Quando entrei me olhou de soslaio, fez cara de pouco interesse. Eu chamei, ele me ignorou. Eu fui até ele, que fez menção de me morder, acho que pela impressão de que fosse apertar a sua barriga, mas recuou e no instante que afaguei suas orelhas, ronronou e então, naquele momento, eu era só dele. 


14 de junho de 2012

Errata

Da redação.

Não era amor, era tesão.
Não era amor, era carência.
Não era amor, era supervalorização.

Lamentamos o ocorrido e agradecemos a compreensão.